Por Ruy Marinho
“Em
verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que
eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.” (João
14:12)
Certo dia, um amigo muito angustiado me
procurou, preocupado com o seu ministério, dizendo que não conseguia adquirir a
promessa de Jesus descrita nesta passagem. Em outras palavras, não chegava a um
nível de espiritualidade elevada, a ponto de operar milagres maiores dos que o
Mestre operou em seu ministério terreno.
A primeira coisa que questionei: se realmente as “obras maiores” que Jesus prometeu que iríamos fazer, for os sinais miraculosos que Ele operou durante seu ministério terreno, então estamos com um problema muito grave: A realidade da Igreja hoje estaria muito distante do ideal! Os sinais extraordinários operados por Jesus deveriam acontecer em quantidades maiores, com milagres mais espetaculares e extraordinários dos que o Mestre operou. Imaginem, por exemplo, qual milagre seria maior do que ressuscitar um morto? Ou então reconstruir uma orelha decepada?
A primeira coisa que questionei: se realmente as “obras maiores” que Jesus prometeu que iríamos fazer, for os sinais miraculosos que Ele operou durante seu ministério terreno, então estamos com um problema muito grave: A realidade da Igreja hoje estaria muito distante do ideal! Os sinais extraordinários operados por Jesus deveriam acontecer em quantidades maiores, com milagres mais espetaculares e extraordinários dos que o Mestre operou. Imaginem, por exemplo, qual milagre seria maior do que ressuscitar um morto? Ou então reconstruir uma orelha decepada?
Confesso que até
hoje não vi ninguém operar milagres e sinais extraordinários como: andar sobre
as águas, curar cegos e paraplégicos, reconstituir mutilados, ressuscitar
mortos, transformar água em vinho, ler pensamentos, multiplicar pães e peixes
etc.
Na verdade, o
grande problema é que muitos pregadores “milagreiros” utilizam Jo 14:12 de forma
isolada e fora de contexto, interpretando o texto de maneira literal, para
tentar justificar seus truques de ilusionismo e de misticismos exóticos. Este
errôneo “padrão de ensino” vem sendo propagado há muito tempo nas igrejas
neopentecostais brasileiras, tendo em vista os inúmeros casos de pessoas que se
frustraram ministerialmente por não conseguir alcançar esta suposta “promessa
sobrenatural” de Jesus, bem como por serem vítimas dos milagreiros
fraudulentos.
Analisando o
versículo de maneira exegética, o termo grego utilizado para “maiores” é
meizõn, literalmente significa “coisas maiores”. Já o vocábulo “obras” a
palavra grega é ergon, que significa trabalho, ato, ação. [1] O termo
ergon é direcionado, em sentido amplo, a “trabalho”. Na versão Bíblica
inglesa King James (KJV), o vocábulo ergon é empregado a “works”, que
significa trabalho. [2] Seguindo o contexto direto da passagem, as “obras
maiores” significam a longitude do trabalho através da expansão do evangelho. Em
outras palavras: o foco é trabalhos maiores e não milagres maiores!
Cristo não está
afirmando que faríamos milagres extraordinários maiores do que Ele fez, mas sim
que a obra da Igreja, no poder do Espírito Santo, será “maior” do que a obra de
Jesus, em sentido numérico e territorial. As obras maiores estão diretamente
conectadas à ida de Cristo ao Pai (“porque eu vou para junto do Pai”),
onde após isso o Espírito Santo seria enviado (Jo 14:16) e os discípulos
revestidos de autoridade para anunciar o evangelho (At 1:8). Quando o Espírito
foi derramado sobre os discípulos, todos eles pregaram a Palavra de Deus. Com
isso, converteram-se ao evangelho uma enorme multidão de pessoas, quantidade bem
mais numérica do que todas as pregações de Jesus juntas (At 1:15, 2:41, 4:4,
5:14, 6:7, 9:35, 12:24, 16:15). As “obras maiores” que os discípulos realizaram
foram, sem dúvida, às milhares de conversões de vidas, através da propagação do
evangelho pelo poder do Espírito Santo.
Os apóstolos não
operavam milagres como meio de pregar o evangelho, mas em casos específicos como
sinais inquestionáveis do poder de Deus (At 19:11). O Evangelho em si tem como
objetivo de salvar vidas e não de operar milagres físicos, pois estes são meros
coadjuvantes da mensagem evangelística (1Co 15:1-4, 1Tm 1:15). Em seus sermões,
Jesus nunca priorizou curas, milagres e sinais. Os mesmos eram acompanhantes de
suas pregações, nos quais testificavam que Ele era o Messias Ungido de
Deus.
Sendo assim, não
devemos de forma alguma lamentar por não realizar milagres iguais ou maiores dos
que Cristo operou. Na verdade, o nosso lamento deve estar na superficialidade
bíblica em que algumas igrejas estão inseridas, pois o que é pregado e ensinado
por muitos vem prejudicando a essência da mensagem bíblica, enfatizando
experiências místicas extra-bíblicas em detrimento da verdadeira mensagem
evangelística que é a salvação e transformação de vidas.
O maior milagre
que pode acontecer na vida de alguém é a salvação em Cristo Jesus. Portanto,
vamos anunciar o evangelho!
Soli Deo
Gloria!
Notas:
1 – GINGRICH, F. W.; DANKER, F. W. Léxico do N.T. grego/português. Vida Nova, 2003. pág. 85.
2 – KING JAMES Amplifield Parallel Bible, 2005 Thomas Nelson Publishing Staff
1 – GINGRICH, F. W.; DANKER, F. W. Léxico do N.T. grego/português. Vida Nova, 2003. pág. 85.
2 – KING JAMES Amplifield Parallel Bible, 2005 Thomas Nelson Publishing Staff
Fonte: BEREIANOS
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