IDOLATRIA NEUSTÃ
- “Não é difícil para o povo de Deus forjar ídolos das
boas coisas que já deixaram de ser úteis”. A corajosa atitude de Ezequias que,
ungido rei, ordenou fossem destruídos todos os ídolos que havia em Judá,
inclusive Neustã.
- Era Neustã aquela serpente de bronze que Deus mandara
forjar em pleno Sinai a fim de que todos os mordidos pelas víboras ardentes
olhassem para ela, e fossem de imediato curados. Infelizmente, conforme veremos
a seguir, o que no passado fora bênção, no futuro far-se-ia maldição e tropeço.
O veneno de Neustã ainda pode ser fatal.
I. A SERPENTE DE BRONZE – SÍMBOLO DE REDENÇÃO
- Como Israel murmurasse contra Deus e se revoltasse
contra Moisés em conseqüência das agruras do deserto, o Senhor espalhou, por
todo o arraial hebreu, serpentes abrasadoras que começaram a picar os
israelitas.
- Já à beira da morte, recorreram a Moisés que, após
interceder pelos murmuradores, recebeu de Jeová a seguinte instrução: “Faze uma
serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que
olhar para ela” (Nm 21.8).
- O que aconteceu a seguir marcaria para sempre o
relato dos grandes feitos de Deus: “E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la
sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a
serpente de metal e ficava vivo” (Nm 21.9).
- Mais tarde, o Senhor Jesus tomaria o episódio como
símbolo de sua morte vicária: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto,
assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna” (Jo 3.14-16).
II. DE SÍMBOLO SAGRADO A OBJETO DE APOSTASIA
- Os israelitas conservaram a serpente de bronze por
mais de 700 anos. Nesse período, o símbolo fez-se ídolo, o ídolo tomou o lugar
de Deus e acabou por induzir Israel à apostasia. A serpente, agora, era
incensada como a deusa Neustã, cujo nome em hebraico significa ídolo de
bronze.
- Houve um homem, entretanto, que se dispôs a desafiar
a tradição, e a restabelecer o culto de Jeová. Seria ele considerado o melhor
rei de Judá de todos os tempos (2 Rs 18.5). Tão logo assumiu o trono “tirou os
altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a
serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até àquele dia os filhos de
Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã” (2 Rs 18.4).
- As oposições a Ezequias não eram pequenas. A classe
sacerdotal tinha a serpente como um objeto sagrado; os príncipes olhavam-na como
relíquia de um glorioso passado; e o povo, em sua ignorância, devotava-lhe
singular estima, pois nela todos viam uma divindade. Fosse Ezequias um mero
homem do povo, e haveria de transformar a serpente num patrimônio da humanidade.
Acontece, porém, que ele era um homem de Deus. E sabia muito bem que nada
poderia estar acima do Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
- Não estaremos nós a incensar alguma Neustã? Pode ser
que, no passado, determinado objeto, conceito ou atitude, tenha-nos sido uma
grande bênção. Agora, porém, se continuarmos a mirar em tais coisas, podemos
correr o risco desviar-nos da Palavra de Deus, que exige nos renovemos a cada
manhã. Nenhum conceito pode estar acima da Palavra de Deus. A Bíblia é soberana!
Seus preceitos, suas leis e sua primazia estão acima de qualquer instituição,
patrimônio, pessoa, títulos, cargos, influência, posses, fama, bens, dotes ou de
qualquer outra coisa que nos seja predileta e talvez já transformada numa neustã
em nossa vida.
III. QUANDO O SAGRADO LEVA À PROFANAÇÃO
- Os hebreus não tiveram problemas apenas com os deuses
pagãos. Enfrentaram também sérias dificuldades comas bênçãos que lhes dispensava
o Senhor. É que eles, como muitos de nós, tinham a perigosa tendência de colocar
a bênção acima do Abençoador; a cura acima do Médico dos médicos; a prosperidade
acima do Dono da prata e do ouro; e a vitória acima do triunfante Senhor dos
Exércitos. Acontece, porém, que nada pode assumir o lugar de Deus em nossa vida
ou na vida da Igreja.
1. Quando a vitória traz a derrota. O episódio é
bastante significativo. Após derrotar os midianitas, resolveu Gideão fazer uma
estola de ouro para comemorar a vitória. Mas veja o que aconteceu: “E fez Gideão
disso um éfode e pô-lo na sua cidade, em Ofra; e todo o Israel se prostituiu ali
após ele; e foi por tropeço a Gideão e à sua casa” (Jz 8.27).
- Sim, Israel foi derrotado em seu próprio triunfo. Por
que fazer de nossos triunfos o símbolo de uma vitória que não é nossa, mas de
Deus? Se vencemos o Maligno, vencemo-lo pelo sangue do Cordeiro, e não por
nossos próprios méritos. Não fomos chamados para tropeçar em nossos êxitos e
sucessos; convocou-nos o Senhor para andarmos de vitória em vitória (2 Co 2.14).
Os triunfos passados não nos devem impedir as vitórias no presente e as glórias
no porvir.
2. Quando a aliança traz a derrota. Israel não
tinha uma clara percepção de seu status como povo de Deus.
- Pensavam eles que, pelo simples fato de terem Abraão
por pai, era-lhes mais que suficiente para vencer todas as circunstâncias. Da
aliança que o Senhor com eles estabelecera, faziam um amuleto. Haja vista que,
em suas guerras, a Arca da Aliança estava sempre precedendo-lhes os exércitos.
Mas um dia foi esta tomada pelos filisteus (1 Sm 5.1).
- Mais tarde, o Senhor anuncia o fim da Arca da Aliança
(Jr 3.16). Israel haveria de compreender que não basta ser povo de Deus; é
necessário andar como Deus o requer: “Fala a toda a congregação dos filhos de
Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo”
(Lv 19.2).
- Não basta ter o título de cristãos; é imprescindível
que o Cristo de Deus esteja em nosso coração e nele reine soberanamente. Não
basta ser pentecostal; é urgente que estejamos cheios do Espírito Santo, e que a
nossa vida seja consagrada a Deus e ao seu serviço, de conformidade com o seu
soberano querer.
3. Quando um monumento traz a derrota. Se nos
dias de Salomão, o Templo fora uma bênção para Israel, nos de Jeremias
convertera-se aquela construção num motivo de tropeço para Judá. Pois os judeus
acreditavam que, apesar de todos os seus gravíssimos pecados, o Senhor jamais
destruiria Jerusalém, porque em Jerusalém estava o Santo Templo, e neste
achava-se a Arca da Aliança. No entanto vem Jeremias e adverte-os: “Não vos
fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do
SENHOR é este” (Jr 7.4). Infelizmente, foi o que aconteceu. Vieram os babilônios
e deitaram por terra a Casa de Deus, e levaram os judeus cativos para Babilônia
(Jr 25.12).
- Estejamos precavidos com os monumentos! Todas as
vezes que o povo de Deus perde suas características proféticas, sacerdotais e
reais, começa a esculpir monumentos de sua história e de seus triunfos
pretéritos. O Senhor, porém, não nos chamou para erguer monumentos ao que
éramos; requer Ele que mantenhamos o movimento que nos entregou no cenáculo – o
evangelho completo: Jesus Cristo salva, batiza no Espírito Santo, opera
maravilhas e em breve haverá de nos arrebatar às eternas mansões.
CONCLUSÃO
- Que Neustã lhe está causando tropeços? Uma cura?
Lembre-se: mais importante que a cura do corpo é a revivificação da alma pelo
Espírito Santo. Uma grande vitória? Não se esqueça: as vitórias passadas não nos
podem atrapalhar os triunfos do presente. Uma pretensão? Tenha sempre isto em
mente: Não basta ser povo de Deus; temos de andar como Cristo andou. Um
monumento à fé? Considere esta verdade: o movimento do Espírito Santo não pode
ausentar-se de sua Igreja.
- Não faça da prosperidade um ídolo. Porque: “Ainda que
a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e
os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e
nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no
Deus da minha salvação” (Hc 3.17,18).
- Nenhum benefício de Deus pode estar acima do Deus que
nos concede todas bênçãos nos lugares celestiais em Cristo Jesus.
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