terça-feira, 8 de maio de 2012

Neustã - ela está disfarçada no meio da igreja

IDOLATRIA NEUSTÃ


- “Não é difícil para o povo de Deus forjar ídolos das boas coisas que já deixaram de ser úteis”. A corajosa atitude de Ezequias que, ungido rei, ordenou fossem destruídos todos os ídolos que havia em Judá, inclusive Neustã.

- Era Neustã aquela serpente de bronze que Deus mandara forjar em pleno Sinai a fim de que todos os mordidos pelas víboras ardentes olhassem para ela, e fossem de imediato curados. Infelizmente, conforme veremos a seguir, o que no passado fora bênção, no futuro far-se-ia maldição e tropeço. O veneno de Neustã ainda pode ser fatal.




I. A SERPENTE DE BRONZE – SÍMBOLO DE REDENÇÃO


- Como Israel murmurasse contra Deus e se revoltasse contra Moisés em conseqüência das agruras do deserto, o Senhor espalhou, por todo o arraial hebreu, serpentes abrasadoras que começaram a picar os israelitas.


- Já à beira da morte, recorreram a Moisés que, após interceder pelos murmuradores, recebeu de Jeová a seguinte instrução: “Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela” (Nm 21.8).


- O que aconteceu a seguir marcaria para sempre o relato dos grandes feitos de Deus: “E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo” (Nm 21.9).


- Mais tarde, o Senhor Jesus tomaria o episódio como símbolo de sua morte vicária: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.14-16).


II. DE SÍMBOLO SAGRADO A OBJETO DE APOSTASIA


- Os israelitas conservaram a serpente de bronze por mais de 700 anos. Nesse período, o símbolo fez-se ídolo, o ídolo tomou o lugar de Deus e acabou por induzir Israel à apostasia. A serpente, agora, era incensada como a deusa Neustã, cujo nome em hebraico significa ídolo de bronze.


- Houve um homem, entretanto, que se dispôs a desafiar a tradição, e a restabelecer o culto de Jeová. Seria ele considerado o melhor rei de Judá de todos os tempos (2 Rs 18.5). Tão logo assumiu o trono “tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã” (2 Rs 18.4).


- As oposições a Ezequias não eram pequenas. A classe sacerdotal tinha a serpente como um objeto sagrado; os príncipes olhavam-na como relíquia de um glorioso passado; e o povo, em sua ignorância, devotava-lhe singular estima, pois nela todos viam uma divindade. Fosse Ezequias um mero homem do povo, e haveria de transformar a serpente num patrimônio da humanidade. Acontece, porém, que ele era um homem de Deus. E sabia muito bem que nada poderia estar acima do Deus de Abraão, Isaque e Jacó.


- Não estaremos nós a incensar alguma Neustã? Pode ser que, no passado, determinado objeto, conceito ou atitude, tenha-nos sido uma grande bênção. Agora, porém, se continuarmos a mirar em tais coisas, podemos correr o risco desviar-nos da Palavra de Deus, que exige nos renovemos a cada manhã. Nenhum conceito pode estar acima da Palavra de Deus. A Bíblia é soberana! Seus preceitos, suas leis e sua primazia estão acima de qualquer instituição, patrimônio, pessoa, títulos, cargos, influência, posses, fama, bens, dotes ou de qualquer outra coisa que nos seja predileta e talvez já transformada numa neustã em nossa vida.


III. QUANDO O SAGRADO LEVA À PROFANAÇÃO


- Os hebreus não tiveram problemas apenas com os deuses pagãos. Enfrentaram também sérias dificuldades comas bênçãos que lhes dispensava o Senhor. É que eles, como muitos de nós, tinham a perigosa tendência de colocar a bênção acima do Abençoador; a cura acima do Médico dos médicos; a prosperidade acima do Dono da prata e do ouro; e a vitória acima do triunfante Senhor dos Exércitos. Acontece, porém, que nada pode assumir o lugar de Deus em nossa vida ou na vida da Igreja.


1. Quando a vitória traz a derrota. O episódio é bastante significativo. Após derrotar os midianitas, resolveu Gideão fazer uma estola de ouro para comemorar a vitória. Mas veja o que aconteceu: “E fez Gideão disso um éfode e pô-lo na sua cidade, em Ofra; e todo o Israel se prostituiu ali após ele; e foi por tropeço a Gideão e à sua casa” (Jz 8.27).


- Sim, Israel foi derrotado em seu próprio triunfo. Por que fazer de nossos triunfos o símbolo de uma vitória que não é nossa, mas de Deus? Se vencemos o Maligno, vencemo-lo pelo sangue do Cordeiro, e não por nossos próprios méritos. Não fomos chamados para tropeçar em nossos êxitos e sucessos; convocou-nos o Senhor para andarmos de vitória em vitória (2 Co 2.14). Os triunfos passados não nos devem impedir as vitórias no presente e as glórias no porvir.


2. Quando a aliança traz a derrota. Israel não tinha uma clara percepção de seu status como povo de Deus.

- Pensavam eles que, pelo simples fato de terem Abraão por pai, era-lhes mais que suficiente para vencer todas as circunstâncias. Da aliança que o Senhor com eles estabelecera, faziam um amuleto. Haja vista que, em suas guerras, a Arca da Aliança estava sempre precedendo-lhes os exércitos. Mas um dia foi esta tomada pelos filisteus (1 Sm 5.1).


- Mais tarde, o Senhor anuncia o fim da Arca da Aliança (Jr 3.16). Israel haveria de compreender que não basta ser povo de Deus; é necessário andar como Deus o requer: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2).


- Não basta ter o título de cristãos; é imprescindível que o Cristo de Deus esteja em nosso coração e nele reine soberanamente. Não basta ser pentecostal; é urgente que estejamos cheios do Espírito Santo, e que a nossa vida seja consagrada a Deus e ao seu serviço, de conformidade com o seu soberano querer.


3. Quando um monumento traz a derrota. Se nos dias de Salomão, o Templo fora uma bênção para Israel, nos de Jeremias convertera-se aquela construção num motivo de tropeço para Judá. Pois os judeus acreditavam que, apesar de todos os seus gravíssimos pecados, o Senhor jamais destruiria Jerusalém, porque em Jerusalém estava o Santo Templo, e neste achava-se a Arca da Aliança. No entanto vem Jeremias e adverte-os: “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este” (Jr 7.4). Infelizmente, foi o que aconteceu. Vieram os babilônios e deitaram por terra a Casa de Deus, e levaram os judeus cativos para Babilônia (Jr 25.12).


- Estejamos precavidos com os monumentos! Todas as vezes que o povo de Deus perde suas características proféticas, sacerdotais e reais, começa a esculpir monumentos de sua história e de seus triunfos pretéritos. O Senhor, porém, não nos chamou para erguer monumentos ao que éramos; requer Ele que mantenhamos o movimento que nos entregou no cenáculo – o evangelho completo: Jesus Cristo salva, batiza no Espírito Santo, opera maravilhas e em breve haverá de nos arrebatar às eternas mansões.


CONCLUSÃO


- Que Neustã lhe está causando tropeços? Uma cura? Lembre-se: mais importante que a cura do corpo é a revivificação da alma pelo Espírito Santo. Uma grande vitória? Não se esqueça: as vitórias passadas não nos podem atrapalhar os triunfos do presente. Uma pretensão? Tenha sempre isto em mente: Não basta ser povo de Deus; temos de andar como Cristo andou. Um monumento à fé? Considere esta verdade: o movimento do Espírito Santo não pode ausentar-se de sua Igreja.


- Não faça da prosperidade um ídolo. Porque: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação” (Hc 3.17,18).


- Nenhum benefício de Deus pode estar acima do Deus que nos concede todas bênçãos nos lugares celestiais em Cristo Jesus.

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