Por Pr. Gualter Guedes
2. EGOÍSMO – Amor exagerado por si
mesmo. O egoísmo é o gérmen do orgulho; este, da própria ruína. Conforme
depreendemos de Ezequiel 28, foi exatamente o egoísmo que ocasionou a queda de
Lúcifer. Cristo, porém, veio mostrar-nos que, através do altruísmo, podemos
ganhar o mundo e a própria eternidade: “Quem perder a sua vida, por amor a mim,
acha-la-á”. No Cristianismo não pode haver lugar para o egoísmo.
O egoísmo é uma doença ligada ao ego. É uma inclinação
humana que se tem feito sentir em todas as coisas e que domina o palco das
atividades hodiernas.
“Refere-se ao apego excessivo a si mesmo e ao que se
faz em detrimento dos interesses dos outros” e nos incomoda quando a posição que
ocupamos é ameaçada pelo soerguimento de alguém que procura ombrear-se
conosco.
A solução para o crente que se vê diante desse problema
é o desenvolvimento do espírito de compreensão e solidariedade.
O certo seria verificar se o nosso bem-estar e o nosso
êxito estão construídos em detrimento de outros. Se isto está acontecendo,
devemos estabelecer um limite nas nossas atividades e explorar outro setor de
trabalho de maneira que não prejudique o nosso semelhante.
Talvez alguns, pelos anos de ministério que têm,
esqueceram-se de que a humildade é um qualificativo daquele que conseguiu galgar
as escadas do sucesso, e hoje, infelizmente, estão doentes com enfermidades
ligadas ao ego, como:
a) Egocentrismo - É a tendência de fazer de si mesmo o
centro da vida.
b) Egotismo - É a tendência a monopolizar a atenção
para a sua própria personalidade, desprezando as opiniões alheias. Só ele está
certo.
c) Egolatria – É a adoração ao próprio eu, o culto do
eu. É o clímax de todas as doenças. É o caso do homem do pecado (2 Tes.
2.4).
O grande remédio para essas enfermidades é o sangue de
Jesus Cristo, e estar crucificado com Ele, para que Ele viva em nós (Gl
3.19,20).
3. ORGULHO – Soberba, presunção.
Teologicamente, foi o primeiro sentimento pecaminoso introduzido no Universo.
Através dele, o ungido querubim exaltou-se sobremaneira, julgando-se já superior
ao mesmo Deus (Ez 28). Na Igreja Católica, é o pecado que encabeça as
transgressões capitais.
“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito
precede a queda” (Pv 16.18).
O orgulho pode se manifestar na vida do obreiro de
várias formas, e, por ser uma condenável exaltação do ego, o qual se delicia com
o pensamento do ser superior a todos os seus semelhantes”, torna-se “abominação
ao Senhor”(Pv. 16.5).
As formas de orgulho são:
a) o espiritual;
b) o intelectual;
c) o material;
d) o social.
Todas essas formas de pecado têm procedência mundana, e
não do Pai (1 Jo 2.16).
A soberba ou orgulho busca apenas a glorificação
própria, o culto ao próprio “eu”, que emana do coração onde se fixa uma
desvairada paixão egoísta de viver superior aos outros, com lazer e conforto
excessivos, como ostentar melhores vestimentas, olhar altivo, vida social
regalada ou “a vida de vanglória – de presunção, de desejo pelo louvor e pela
deferência, pelo deleite de ser considerado importante, de exercer autoridade
sobre outros, de estar em primeiro plano; todas as vaidades vazias da moda e dos
costumes, dos títulos e ofícios; de uniformes posição, das pequenas imposturas
esnobes nas quais coisas os homens caem... Não lhes importa que... perante Deus,
nada disso tenha qualquer valor”.
Infeliz é o homem chamado por Deus,
vocacionado, à causa do mestre, e que se entrega ao:
3.1 - Orgulho Espiritual - Foi por
esse pecado que Lúcifer recebeu a sentença de Deus: “E contudo levado serás ao
inferno, ao mais profundo abismo” (Is. 14.15), e “Todos os que te conhecem entre
os povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais
serás para sempre” (Ez 28.19).
A sua soberba, a primeira espiritual do universo, teve
início na sua “perfeição em formosura”, estava “estabelecido” e “Perfeito era
nos seus caminhos desde o dia em que foi criado”, “até que se achou iniqüidade
nele” (Ez 28.12-15). Foi o “eu” que o levou a confiar mais em suas virtudes do
que no próprio Criador que o estabeleceu (1 Co 7.20,24), como dizia em seu
coração:
- “eu” subirei ao céu (Is. 14.13);
- exaltarei o “meu” trono (Is. 14.13);
-
da congregação “me” assentarei (s. 14.13);
-
“subirei” acima (Is. 14.14);
-
e “serei” semelhante ao Altíssimo (Is. 14.14).
Nós, como este que se tornou o “Diabo”, quando
começamos a nos sentir auto-suficientes, é hora de acordar-mos e nos lembrarmos
de que o terreno que estamos pisando é movediço, e poderá nos tragar.
A sua ambição não lhe levou a ocupar a posição
almejada, antes caiu na profundeza do mundo subterrâneo, foi envergonhado e
desonrado em sua morte. E muitos têm entrado por esse mesmo caminho.
O orgulho leva o homem a desprezar o seu próximo, e ser
desprezível aos olhos deste. Ele diz, fazendo coro com o antigo e repulsivo
fariseu: “Graças te dou, ó Deus, porque não sou como os demais homens...” (Lc
18.11). Só ele tem razão, e todas as suas medidas são justas, e têm de ser
aplicadas, ainda, que custem a perdição eterna do seu “algoz”. Só as suas
orações são ouvidas, e os seus conselhos têm de ser acatados. Mas Deus abomina
esse tipo de orgulho espiritual “pelo fato de pensar ele ser bom e justo a seus
próprios olhos. É o caso daquele que está vestido de trapos imundos a pensar que
é o homem mais bem vestido deste mundo” (Ver Tiago 4.6).
3.2 - Orgulho Intelectual – “Ser sábio
aos próprios olhos” (Rm 12.16) é a qualidade de orgulho que se manifesta em
forma de arrogância perante as pessoas menos iletradas e dos oprimidos. Não foi
assim com Jesus Cristo, “que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser
igual a Deus” (Fp 2.6). Que sentimento! Antes, “aniquilou-se a si mesmo, tomando
a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (v.7). Aquele que estava com
o Arquiteto do universo, quando este era projetado (Pv 8.22-31), Não se jactava
de seus feitos na presença dos oprimidos (Mt 8.4), porque a soberba é inimiga do
Evangelho. Sua confiança estava em Deus (Jo 11.41).
Quão difícil foi para Festo (At 26.28) sentir o toque
do Espírito Santo em seu coração para tornar-se um cristão e ter que disfarçar o
seu orgulho, por ser rei. Jamais aceitaria um Evangelho que foi dados aos
“pobres em espírito”. Sua soberba lhe custou uma eternidade sem Deus... era
muito sábio... E o que dizer de Naamã? (2 Rs 5.1-14). O preço da sua humilhação
foi a cura da lepra do seu corpo, quiçá de seu espírito. Através da humildade e
da mansidão, podemos ser “exaltados soberanamente” (Fp 2.9).
O apóstolo Paulo é o exemplo de sabedoria, e não se
gloriava nela (1 Co 1.17-19), “porque a loucura de Deus é mais sábia do que os
homens” (v. 25). Antes, gloriava-se no Senhor (v.13).
3.3 - Orgulho Material – A soberba
proveniente dos bens materiais pode levar o homem a esquecer-se de Deus, à ruína
e à perdição, como disse Paulo a Timóteo: “Os que querem tornar-se ricos, caem
em tentação e em laço, e em muitos desejos insensatos e nocivos, os quais
arrastam os homens à ruína e à perdição” (I Tm 6.9).
Mas o perigo não está em ser rico neste mundo: Abraão,
Jó, Salomão e muitos outros o foram, mas em colocar o coração na riqueza (Mt
6.21; Lc 12.20).
O
verdadeiro sentimento de ser rico é “possuindo tudo, como nada tendo”, “como
pobres, mas enriquecendo a muitos” (2 Co 6.10), porque “na soberba trazida por
bens materiais, entroniza-se o ego em vez de Deus. As coisas secundárias são
exaltadas a um lugar de primeira importância, e a vida se desequilibra. Então,
concentra-se naquilo que tem e não naquilo que é, aos olhos de Deus. “ A soberba
material tende a levar o homem para a cobiça.”
Feliz é o crente que, tendo acumulado riquezas neste
mundo, não esquece do seu dízimo integral (Ml 13.10); dos mais necessitados:
“Quem pois tiver bens no mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as
entranhas, como estará nele o amor de Deus?” (I Jo 3.17; At 4.34,35); das
construções dos templos; das viúvas e dos órfãos; dos missionários e dos grandes
projetos que edificam o reino de Deus.
4. “ANDES HUMILDEMENTE COM TEU DEUS” (Mq 6.8)
Assim como todo o pecado significa rebelião e
insubordinação diante de Deus e a sua majestade, assim também a salvação denota
humilhação (Tg 4.10)
4.1 - O crente deve andar humildemente! (Mq 6.8) – A
salvação é um andar na presença de Deus, conforme a sua vontade, e não segundo a
carne (Rm 8.4). Como se expressa esta humildade?
a.
O que é humilde, quer de coração obedecer a Deus (Rm 6.16,17). Ele foi eleito
por Deus para obedecê-lo (1 Pe 1.2).
b.
O que é humilde, dá glória a Deus por tudo. Ele sabe que tudo o que possui foi
recebido de Deus (1 Co 4.7) e tudo que fazemos é pela graça de Deus (1 Co 15.10)
e assim só Ele merece todo o louvor.
c.
O humilde vê apenas a sua própria pequenez e insuficiência (Mt 5.3; Ap 2.9). Por
isto ele recebe poder de Deus, o qual se aperfeiçoa em fraqueza (2 Co 12.9,10).
Todos os que Deus usa sentem-se pequenos, como João Batista (Jo 3.30), ou
Jeremias (Jr 1.6,7), Salomão (1 Rs 3.7). Deus tem promessas especiais para os
pequenos: Is 41.14,15; Lc 12.32.
4.2 - Como ser humilde? A Bíblia
responde: “Humilhai-vos debaixo da potente mão de Deus” (1 PE 5.6; Tg 4.10).
Quando nós buscamos a Deus de coração, pedindo humildade, dispostos a
entregar-lhe toda a nossa vida e pedir perdão pelas nossas faltas, dispostos a
obedecê-lo em tudo, então Ele, que habita na eternidade, cujo nome é santo,
habita “com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o coração dos
contritos” (Is 57.15). A Bíblia diz: “Os sacrifícios para Deus são o espírito
quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl
51.17). Amém.
Fonte: Cenaculo de Fogo Pirassununga
Nenhum comentário:
Postar um comentário