quarta-feira, 20 de junho de 2012

SINTA-SE BEM...E VÁ PARA O INFERNO!




Por Alan Capriles

Como é que alguém decide em qual igreja deve congregar? O parâmetro, para muitos, é encontrar uma igreja onde se sinta bem. Não tenho nada contra, desde que o “sentir-se bem” não signifique "não ser jamais confrontado com seu pecado." O problema é que, geralmente, é isso mesmo que acontece. Há muitos crentes fugindo da confrontação com o pecado. Prova disso é o crescente número de igrejas para satisfazer a essa demanda, igrejas onde tudo é feito para o membro sentir-se bem.

É fácil, hoje em dia, encontrarmos igrejas que oferecem esse culto “light”, onde os membros são entretidos com danças, apresentações musicais e com pregações curtas e sensacionalistas, nas quais o pregador vocifera, impressiona, mas nada diz a respeito do senhorio de Cristo, do arrependimento de pecados e de se frutificar em boas obras. Em tais igrejas, onde o homem é o centro das atenções, nada pode ser dito que incomode o ouvinte. Afinal de contas – raciocinam os pastores dessas igrejas – “pra que correr o risco de perder o freguês, digo, o membro? Além de ele ser mais um em número para nossa igreja, seu dízimo é alto e ajuda a pagar o ar condicionado, os assentos acolchoados, a caríssima aparelhagem de som e o alto cachê cobrado pelos cantores gospel que chamamos para nossos muitos eventos.”

Mas eu lhes digo por que nós, pastores, não devemos esconder nada acerca do evangelho, mesmo incorrendo no risco de perder alguns membros da igreja:

Trata-se de uma questão de vida ou morte. Se não pregarmos o verdadeiro evangelho esses membros continuarão perdidos e estarão condenados ao inferno. E nós também!

Frequentar uma igreja e cumprir seu regimento interno não é garantia de salvação. Se nós, pastores, não ensinarmos as ovelhas a reconhecerem a voz do Sumo pastor, que é Jesus Cristo, e não as conduzirmos a um relacionamento íntimo com Ele, que resulte em santificação e na prática de boas obras, corremos o risco de termos uma grande e terrível surpresa, naquele grande Dia, como nos alertou Jesus:

“Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mateus 7:22-23)

“Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.
Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.
E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos?
Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.
E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.”
(Mateus 25:41-46)

Castigo eterno? Iniqüidade? Quem se sentiria bem ouvindo uma pregação sobre isso? Mas a questão é que todos nós precisamos, constantemente, sermos lembrados disso. Não para que sirvamos a Deus por medo, ou por interesse, mas para que amemos o Senhor cada dia mais, pois foi com o derramamento do seu sangue na cruz que ele nos livrou da condenação do inferno.

Quem não é lembrado da gravidade do seu pecado e do perdão que foi concedido não terá nenhuma consideração por quem o perdoou. Quanto maior a noção da nossa culpa, maior o amor por aquele que tomou sobre si a nossa condenação (Lc 7:47; 2Co 5:14; 1Jo 4:19). E quanto maior a conscientização (fé) de que Jesus morreu por causa de nossos pecados, maior será nosso arrependimento e mais rápida será nossa regeneração.

Mas em muitas igrejas não se prega mais sobre pecado, inferno, arrependimento e regeneração. A única preocupação dos pastores dessas igrejas é fazer com que o visitante se sinta bem, a fim de mantê-lo como membro. São igrejas onde o culto é quase um show musical, recheado de entretenimento, com uma pregação curta e agradável de ouvir. Tudo com uma boa dose de emocionalismo, para que o visitante experimente a mesma sensação de ter assistido a um bom filme no cinema. Desta forma, eles conseguem não somente fazer com que o visitante volte, mas que se torne o mais novo membro dessa igreja, que o faz sentir-se tão bem. Mas, eis a verdade: o que tais igrejas estão fazendo é conduzir seus membros, confortavelmente... para o inferno. E o pior é que eles pensam serem salvos!

Sendo assim, qual o parâmetro para se escolher uma boa igreja?

Devemos responder a essa pergunta à luz da Palavra de Deus. No entanto, como este não é um tratado teológico, não há necessidade de nos aprofundarmos demais no assunto. Basta que, à luz da Bíblia Sagrada, saibamos o básico acerca do que é uma verdadeira igreja. Portanto, se você procura por uma boa igreja, procure por, pelo menos, duas coisa imprescindíveis: edificação e frutificação.

Edificação
(Mt 28:20; At 2:42; 11:26; 20:27; Rm 6:17; 15:2; 1Co 14:12,26; 2Co 12:19; Ef 2:22; 4:11-12,16,29; Cl 1:6,10; 2:7,19; 2Tm 4:2-3; 1Pe 2:2,5)

Uma boa igreja é composta por membros que são edificados, ou seja, que crescem espiritualmente. Isso significa não continuar na prática dos pecados de outrora, mas crescer na santificação, no amor a Deus e ao próximo. Seus membros não são como meninos, enganados por novas doutrinas, mas amadurecem na graça e no conhecimento do Senhor Jesus. Sendo assim, procure por uma igreja que ensine com fidelidade tudo o que Cristo ensinou, a fim de que nEle você esteja cada dia mais arraigado e seja cada dia mais edificado. Procure por uma igreja que instigue você a mudar, a ser uma nova criatura em Cristo Jesus, para a glória de Deus. Procure por uma igreja onde se anuncie toda a verdade, e não somente parte da verdade. Procure por uma igreja que realmente lhe edifique. Não perca seu tempo com igrejas que apenas usam o nome de Jesus, mas que raramente examinam o que ele nos ensinou. Fuja das igrejas que só pregam o que você quer ouvir, para sorrir e sentir-se bem, ao invés de pregar o que você precisa ouvir, para chorar e se converter. Fuja das igrejas que confundem a obra de Deus com ativismo religioso, ou seja, com eventos e mais eventos, para os quais há tanto desgaste e tão pouco benefício espiritual. Fuja dessas igrejas que estão mais preocupadas em edificar templos, do que em edificar vidas.

Frutificação
(Mt 5:16; 7:12,21; Lc 6:46; Jo 13:15,34; 15:12; 1Co 11:1; 13; Gl 2:10; Ef 5:1-2; Fp 3:17; 1Ts 1:6-7; Tt 1:16; 2:7; 3:8,14; Tg 1:22,27; 2:14-18; 1Pe 1:22; 2:12,21; 1Jo 3:16-18; 4:20-21)

Uma boa igreja não é apenas o local onde se ensina sobre Cristo, mas é a reunião de pessoas que querem praticar o que Ele nos ensinou, vivendo sob seu senhorio. Portanto, perceba se os pastores são verdadeiros imitadores de Cristo, ou se pregam o que não vivem. Note se eles motivam os membros a praticar o que Jesus ensinou, tanto por suas palavras quanto por suas ações. Obviamente, não existe igreja perfeita, mas isso não deve ser usado como desculpa para que seus membros não procurem se parecer com Cristo, a começar pelo pastor. Dessa forma, procure por uma igreja na qual seus membros dão fruto, ou seja, se esforçam em santificar-se e fazer o bem ao próximo, a começar pelos irmãos da mesma fé. Esse é o resultado natural de uma igreja cuja pregação está voltada para o que Deus espera de nós, e não para o que nós esperamos de Deus. Por conseguinte, fuja das igrejas que ignoram os mais pobres e que não se importam com missões. Fuja das igrejas onde cada membro só se importa consigo mesmo, em como ter mais prazer, ficar mais rico e ser mais bem sucedido. Fuja dessas igrejas que não dão o fruto que Deus espera de nós: o amor ao próximo.

Eu poderia relacionar outras características de uma boa igreja, mas percebo que todas as demais derivam destas que mencionei acima. Se uma igreja ensina o que Cristo ensinou e busca meios para se promover a prática dos seus ensinamentos, o restante é conseqüência e surgirá naturalmente.

Mas, antes de concluir, preciso deixar um alerta. Paulo profetizou que nos últimos dias haveria uma grande inversão de valores, na qual, entre outras coisas, muitos crentes procurariam se reunir ao redor de pregadores que só dissessem coisas agradáveis (2Tm 4:3). Os crentes seriam egoístas, amando mais a si mesmos do que a Deus (2Tm3:1-5). Ora, você não vê? Esse tempo já chegou! Minha oração é que você também perceba isso e não seja esse tipo de crente.

Portanto, não procure por uma igreja onde você se sinta bem. Esqueça isso! Sentir-se bem não é o melhor parâmetro para se procurar uma boa igreja. Pois o que importa não é como você se sente, mas o quanto você cresce espiritualmente. Ainda que para alcançar este crescimento você precise ouvir muitas pregações incômodas, pregações que poderão lhe entristecer a ponto de até lhe fazer chorar. Mas, não se preocupe, “porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação”, tal como Jesus nos prometeu: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.” (Mt 5:4; 2Co 7:10)

Fonte: Alan Capriles

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