Por Pr Dr Francisco de Assis Pereira
"Srs.(a) Bom dia,
Frequentei uma grande igreja Evangélica durante 15 anos fui Ministro, Diácono e Presbítero.
Um dia fui envolvido em informações de necessidades financeiras na empresa de um Pastor e senti a vontade de ajudar emprestando a ele o fruto de meu trabalho de 22 anos(FGTS), entendendo que foi por Deus, tudo conversado e acertado nos átrios do Senhor (dentro da Igreja) diante da Bíblia, minha esposa e a esposa dele.
Fui chamado (em oculto) de “Anjo de Deus” em um testemunho de vitória em um momento de recuperação empresarial.
Já se passaram oito anos e o Pastor renomado em palavras, pregações e louvores, traiu sua mulher e sua vida esta no fundo do poço…
Depois de um tempo relatei ao meu Bispo Primas, líder da Igreja, conhecido mundialmente pelo seu trabalho e ficou de me ajudar “juridicamente” e em momento algum me trouxe palavras vindo da Bíblia agindo como “homem”, procurei também a ouvidoria da igreja e recebendo também instruções jurídicas.
Depois de questionar muito a Deus, hoje continuo com muita fé em Jesus Cristo, mas longe da Igreja por dois anos, achando que as palavras pregadas e os louvores cantados não me fazem mais sentido como encorajamento de vida e busco no oculto ouvir experiência de outras pessoas envolvidas na maior riqueza que é o Senhor Jesus, querendo entender onde errei e de estar sofrendo os efeitos “dominó” de uma fraqueza do ser humano que em conseqüência transformou minha vida em um nó, mas com a esperança que a solução virá de Deus.
Apesar de tudo e entendendo como certo, guardei uma palavra recebida do próprio Bispo: “não devemos levar ao tribunal humano um filho de Deus, pois a vitória pode ser diluída em um câncer ao vitorioso”.
Aguardo comentário.
Abraços"
Prezado Luciano,
I – Natureza do empréstimo.
Para uma resposta dentro da Bíblia, precisaria saber se você emprestou o dinheiro ao Pastor, com juros ou sem juros, esperando ou não receber de volta.
Em Provérbios 22.7 está escrito, pela sabedoria de Salomão: “O que tomar emprestado é servo do que empresta.”
A palavra “servo” ou “serva” na Bíblia significa escravo, que não tem a livre disposição de seus bens e até de sua personalidade.
A maldição sobre Canaã, filho de Cam, filho de Noé era de que se tornasse “servo dos servos” (Genêsis 9.25) isto é criado escravo, serviçal.
Devemos ser servos exclusivamente do Deus altíssimo e não devemos reduzir ninguém à condição de servo, como o fazemos quando lhe fazemos empréstimo, com a intenção de receber de volta, com juros.
Assim sendo, o empréstimo nessa condição tem a condenação bíblica e sempre há a inversão de servilitude. O insensato (o que empresta) torna-se servo do entendido (o que toma emprestado). (Pro 11.29).
II – O empréstimo bíblico.
O empréstimo bíblico tem porém outra conotação, o que vem pontificado no Salmo 112.5:
“Ditoso o homem que se compadece e empresta.”
Assim sendo, o empréstimo bíblico tem como causa a “compaixão” e como recompensa a benção, a felicidade e a paz.
O empréstimo aos pobres tem de ser sem juros (Ex. 22.25) com mãos abertas (Dt. 15.8) e ao emprestar ao pobre estará emprestando a Deus (Pv. 19.17).
É muito difícil o tomador do empréstimo não ser um pobre, ou no mínimo um necessitado em crucial aperto financeiro, que evidentemente estará sob a proteção bíblica do empréstimo, mesmo porque o abastado não precisa de empréstimo.
Na Bíblia, mesmo o empréstimo ao “não pobre” se reveste do amor e da caridade.
Em Lucas 6.32 a 36, repetição de Mateus 5.43, o empréstimo tem a característica de “fazer o bem”, “ser misericordioso”, “ ser benigno”, “ter amor”,
34. E se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receber outro tanto.
35. Amai, pois, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga;
Mas a promessa de Deus é simplesmente maravilhosa:
“Será grande o vosso galardão, e sereis Filho do Altíssimo”. (v. 35)
III – O caso em si
Pastor que era ao mesmo tempo empresário, e em dificuldades financeiras, situações totalmente atípicas, que não podem coexistir.
Se é Pastor, tem de estar sob proteção do Salmo 23 “nada lhe faltará” e do Salmo 91 “nenhum mal lhe sucederá” e esta promessa recai também sobre o empresário pastor.
Se você sentiu necessidade de ajudar e emprestar, o fez sob a orientação bíblica de Lucas 6 e portanto não deve nem pode esperar a recompensa, eis que esta estaria em receber o galardão divino e ser filho do Altíssimo (Lc 6.35).
Se foi por Deus, dentro de uma Igreja, diante da Bíblia, o empréstimo só pode ser bíblico como se viu anteriormente, feito por amor ao próximo, com desejo de fazer o bem, sem visar paga ou recompensa.
Passados 8 anos, o Pastor renomado em palavra, soçobrou, o que demonstra que o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder, e vê-se que o Pastor não tinha qualquer poder, portanto não estaria no Reino de Deus.
Procurar agora abrigo jurídico, ouvidoria e instruções jurídicas é não seguir o que está escrito em Lucas 6.30:
“Se alguém levar o que é teu, não entres em demanda.”
Em Mateus 5.39-42:
“Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volte-lhe também a outra.
E, ao que quer pleitear contigo e tirar-lhe a túnica (22 anos de trabalho FGTS) deixa-lhe também a capa.” ( o perdão, o amor e o desejo de que ele seja feliz).
O fato lhe trouxe grande mágoa, a ponto de você deixar a Igreja, achando que as palavras e louvores não lhe tem mais sentido, como se Deus fosse responsável pelo seu erro.
A Bíblia adverte:
“Maldito é o homem que confia noutro homem.” (Pr. 17.5)
E a Bíblia ainda ensina:
“Quando te falar suavemente, não te fies dele, (PV. 26,25) porque sete abominações há no seu coração.”
Reunião dentro da Igreja, diante da Bíblia, “anjo de Deus”, tudo isto é abominação, quando feito exteriormente, sem sinceridade.
Jeremias nos ensina.
“De irmão nenhum vos fieis.” (Jr. 9.4)
“Não te fies deles.” (Jr. 12.6)
VI – Atitudes a tomar
Diante de tudo que se falou, você deve esquecer totalmente o episódio.
O demônio transformou uma ocasião de benção para você (galardão e ser chamado filho do Altíssimo) em afastamento de Deus, mágoa e amargura, que te afastou da Igreja, da Palavra de Deus e das bênçãos celestiais.
A amargura, que é o que você está sentindo o afasta do Deus Altíssimo, trazendo-lhe desgosto e angustia.
“O fel da amargura nos leva ao laço da iniqüidade.” (Atos 8.23)
Em Efésios 4.30-32 está escrito:
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selado para o dia da redenção.
Longe de vós, toda a amargura e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia e bem assim toda malicia.
Antes, sede uns para os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.”
Em Hebreus 12.15
“Nem haja alguma raiz de amargura, que, brotando vos perturbe e, por meio dela muitos sejam contaminados.”
Você quer receber o galardão? Você quer se tornar filho do Altíssimo?
Perdoe!
Perdoe!
Perdoe!
E ame e ore para quem lhe fez o mal.
E por causa dos homens, ainda que pastores não descreia da Palavra de Deus.
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