A notícia de que eu cancelaria meu perfil no Facebook causou mais surpresa a mim mesmo do que nos 791 contatos que eu mantive até Fevereiro de 2015. Digo isso porque durante os últimos quatro anos eu havia sido um usuário bastante ativo, publicando textos diariamente , criando álbuns de fotos, curtindo e compartilhando assuntos que eu julgava interessantes. Além desse uso, que é o habitual, o Facebook ainda facilitou muito a divulgação de minhas outras páginas na internet, tais como meu blog, site e perfil no YouTube. E mesmo eu nunca tendo gostado muito de bate-papo pela internet (por isso eu sempre entrava off-line) reconheço que o Facebook ainda foi uma ferramenta bastante útil e prática na comunicação com diversos contatos, especialmente com os amigos mais distantes. Aliás, por falar em amigos, creio que o melhor de tudo foi reencontrar no Facebook amigos que eu não via desde a época da escola – e com os quais me encontrei depois pessoalmente. Pois bem, como se vê, não havia qualquer indício de que eu estivesse insatisfeito com essa rede social. Mas a verdade é que eu estava insatisfeito. Muito insatisfeito.
Agora que escrevo com mais liberdade, pois no Facebook a gente não pode escrever muito (senão ninguém lê) posso explicar melhor as razões de minha saída:
Nós pagamos pelo Facebook. Pagamos com nossas informações pessoais, que são vendidas para empresas associadas ao Facebook. Não gosto de me sentir usado, como se fosse um produto, mas é isso que realmente somos nessa rede social comercial.
#2 - Não há privacidade no Facebook.
Tudo que publicamos nessa rede pode ser acessado segundo os interesses da empresa e dos governos aos quais ela se associa, a começar pelos EUA. Em outras palavras, no Facebook (que já conta com mais de 1,4 bilhão de usuários) estamos mais expostos e vulneráveis do que em qualquer outro ambiente virtual. Não gosto de me sentir monitorado. Além disso, tanto poder assim nas mãos de uma só empresa... Certamente isso não vai acabar bem.
Como analisou muito bem um amigo, no Facebook “as pessoas são mais bonitas (escolhem as fotos), são mais inteligentes (copiam coisas legais), são mais religiosas (colocam textos da bíblia), são mais sociais, pois interagem com todos (não precisam dizer verdades, pois aqui somos todos personagens)." Pois bem, cansei dessa farsa. Prefiro lembrar que as pessoas são pessoas, e não semideuses que nunca sofrem, que estão sempre sorrindo. Aliás, estudos comprovam que esse hábito de só publicarmos fotos felizes aumenta a depressão em usuários que tem essa tendência. De fato, certa vez visitei uma pessoa que estava deprimida e que me disse não compreender como todos eram felizes, menos ela. Perguntei de onde havia tirado essa ideia absurda, ao que me respondeu: “Do Facebook, é claro.”
#4 – O Facebook toma muito de nosso tempo.
Não conheço nada que tenha mais sucesso em nos distrair e tomar nosso tempo que o Facebook. Dizem que o WhatsApp também é assim, mas como nunca usei (e nem pretendo usar) não posso afirma-lo. Mas quero revelar minha própria experiência: quantas vezes liguei o computador a fim de realizar algum trabalho, mas não consegui concluí-lo (ou sequer começa-lo) por cometer o erro de primeiro dar uma espiadinha no Facebook. Essa rede nos fisga de tal maneira que a gente se esquece de tudo e não sente o tempo passar! Confesso que antes de ser usuário desta rede eu conseguia produzir muito mais artigos, estudos e vídeos, pois meu tempo era mais bem aproveitado. Agora que estou novamente livre do Facebook espero voltar a ser produtivo como antes.
#5 – O Facebook causa mal entendidos.
Aceitei pessoas demais como "amigos" e acabei não conseguindo acompanhar todo mundo. Como resultado, eu curtia algo aqui e não curtia ali - não porque eu desprezasse a pessoa que publicou, mas simplesmente porque não me apareceu a sua publicação. Mas nem todos compreendem isso, de tal modo que por mais de uma vez me perguntaram: por que você não curtiu o que eu postei? Sinceramente, cansei disso também...
Como qualquer outra rede social, o Facebook faz com que nos sintamos na obrigação de nos mostrarmos bonitos, inteligentes, engraçados e vitoriosos para todo o mundo. Com o tempo, passamos a ser mais amantes de nós mesmos do que deveríamos ser. Confesso que antes do Facebook eu me sentia mais humilde e menos dono da verdade.
#7 – O Facebook gera discórdias.
Muito do que escrevemos em postagens e comentários é mal compreendido e acaba gerando desavenças desnecessárias. Minha relação com alguns bons amigos ficou prejudicada por causa disso – um preço alto demais para se pagar. Além disso, cansei de ver pessoas a quem quero bem escrevendo indiretas a minha pessoa em suas postagens. E se porventura não foram indiretas, se tudo não passou de um mal entendido, fica comprovado que o Facebook é isso mesmo que eu disse: um causador de discórdias.
#8 - O Facebook não é uma rede social.
Poderíamos avaliar corretamente o Facebook como um instrumento antissocial, pois o fato é que essa rede questionavelmente "aproxima" quem está longe, mas literalmente afasta quem está perto – como, por exemplo, minha esposa, meus filhos e melhores amigos. Prefiro perder o Facebook a perder minha família e aqueles que precisam de minha real companhia.
Todos os motivos acima são verdadeiros, mas ainda tem mais uma coisa. Eu não seria completamente honesto se omitisse o fator espiritual, ou seja: sinto que Deus me direcionou a sair desta rede. E talvez porque, como seguidor de Cristo que sou, não seja mesmo possível conciliar o Facebook com certos mandamentos de Jesus, tais como o "negue-se a si mesmo", ou a proibição de me exaltar. Além disso, o mundo não é uma curtição, tal como o botão “curtir” do Facebook tenta nos fazer acreditar. Há uma mensagem subliminar nisso e me parece que poucos estão percebendo como essas curtidas afetam nosso ser. O fato é que o Facebook não nos deixa mais inteligentes, mas talvez nos torne mais bobos. Não quero ofender ninguém, mas se você também é um seguidor de Cristo, desperte para a seriedade de nossa missão e deixe essa brincadeira tola para trás. Muitos cristãos dizem que estão evangelizando pelo Facebook, mas a realidade é que ninguém se converte dessa forma. Evangelizar numa rede como essa, repleta de porcarias, é como falar de Jesus no meio de um bloco de carnaval. Ninguém sequer escutará você! Pode ser que por um segundo alguém pense em algo que você escreveu, mas logo em seguida se apagará de sua memória, pois ela estará dando gargalhadas por alguma outra publicação.
Mas, sinceramente, não quero influenciar ninguém. Se você é mais forte do que eu, glorifico a Deus por isso. Porém, quanto a mim, senti que o Facebook estava fazendo mal para a minha alma, para a minha família e para o meu ministério. Senti que eu precisava fazer uma escolha. E, é claro, escolhi obedecer a Jesus.
Alan Capriles
P.s.: Em 15 de Fevereiro de 2015 cancelei meu perfil pessoal no Facebook, mas, atendendo a pedidos, mantive uma página chamada A Verdade em Amor para divulgar textos como esse, ou minhas pregações. Não se trata de um perfil, no entanto, essa página também será excluída após cumprir seu papel.
Fonte: http://alancapriles.blogspot.com/2015/02/porque-cancelei-meu-perfil-no-facebook.html
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