sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Loucuras dos Evangélicos

 



Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes


O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que a palavra da cruz é loucura para a mente carnal e natural, para aqueles que estão perecendo (1Co 1.18, 21,23; 2.14; 3.19). Ele mesmo foi chamado de louco por Festo quando lhe anunciava o Evangelho (At 26.24). Pouco antes ao passar por Atenas, havia sido motivo de escárnio dos filósofos epicureus e estóicos por lhes anunciar a cruz e a ressurreição (At 17.18-32). O Evangelho sempre parecerá loucura para o homem não regenerado. Todavia, não há de que nos envergonharmos se formos considerados loucos por anunciar a cruz e a ressurreição. Como Pedro escreveu: "se formos sofrer, seja por sermos cristãos e não como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócio dos outros" (1Pe 4.15-16).

Nesta mesma linha, na carta que escreveu aos coríntios, o apóstolo Paulo, a certa altura, pede que eles evitem parecer loucos: “Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão porventura que estais loucos?” (1Co 14.23). Ou seja, o apóstolo não queria que os cristãos dessem ao mundo motivos para que nos chamem de loucos, a não ser a pregação da cruz.

Infelizmente os evangélicos, ou uma parte deles, não deu ouvidos às palavras de Paulo, de que é válido tentarmos não parecer loucos.

Existe no meio evangélico tanta insensatez, falta de sabedoria, superstição, coisas ridículas, que acabamos dando aos inimigos de Cristo um pau para nos baterem. Somos ridicularizados, desprezados nos tornamos motivo de escárnio, e não é por pregarmos a Cristo, e este, crucificado, mas pelas sandices, tolices, bobagens, todas feitas em nome de Jesus Cristo.


- O que vocês acham que o mundo pensa de uma visão onde galinhas falam em línguas estranhas e um galo interpreta falando em nome de Deus, trazendo uma revelação profética a um pastor?


- O pastor pião, que depois de falar em línguas e profetizar, rodopia como resultado da unção de Deus?

- A “unção do leão”, onde supostamente recebida da parte de Deus durante show gospel, que faz a pessoa andar de quatro e urrando como um animal no palco?


Podemos dizer que o ridículo que isto provoca é resultado de pregação da cruz? Eu sei que vão argumentar que Deus falou através da burra de Balaão, e que pode falar através de galináceos ungidos. Mas a diferença é que a burra falou mesmo. Ninguém teve uma visão em que ela falava. E deve ter falado na língua de Balaão, e não em línguas estranhas. Naquela época faltavam profetas – Deus só tinha a burra para repreender o mercenário Balaão. Não haveria problema se um galinheiro inteiro falasse português na falta de homens e mulheres de Deus nesta nação. Mas não parece que este é o caso.


Sei que Deus mandou profetas andarem nus e profetizarem e fazerem coisas estranhas como esconder cintos de couro para apodrecerem. E ainda mandou outros comerem mel silvestre e gafanhotos e se vestirem de peles de animais. Tudo isso fazia sentido naquela época, onde a revelação escrita da Bíblia, não estava pronta, e onde estes profetas eram os instrumentos de Deus para sua revelação especial e infalível.

Não vejo qualquer semelhança entre o pastor "pião" e a pastora leoa e o profeta Isaías, que andou nu e descalço por três anos como símbolo do que Deus haveria de fazer ao Egito e à Etiópia (Is 20.2-4).

Eu sei que o mundo sempre vai zombar dos crentes, mas que esta zombaria, como queria Paulo, seja o resultado da pregação da cruz, da proclamação das verdades do Evangelho, e não o fruto de nossa própria insensatez.

Não devemos nos envergonhar da loucura do Evangelho, mas das loucuras de alguns que se chamam evangélicos.

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