domingo, 8 de julho de 2012

O Véu do Templo

 

Por Pr. Ron Crisp
Tradução: Eduardo Alves Cadete


Introdução
Em Êxodo 26:31-37 temos a descrição dos dois véus do tabernáculo. O primeiro véu era na verdade a porta da estrutura (Êxodo 26:36-37). Embora suas cores fossem as mesmas do segundo véu não há menção de querubins nele. Ele ficava suspenso em cinco colunas de ouro, que eram fixadas por encaixes de cobre.

Nosso objeto de estudo será o segundo véu, ou véu interior (Hebreus 9:3). Este véu era confeccionado de azul, púrpura, carmesim e de linho fino torcido bordado com querubins. Ele ficava suspenso em quatro colunas de ouro fixadas por quatro encaixes de prata. Este véu separava o Lugar Santo do Santo dos Santos (Êxodo 26:33).

Uma outra explicação deve ser dada antes de começarmos nosso estudo sobre o simbolismo do véu. Muitas de nossas referências bíblicas se referem ao véu do Templo que existiu durante o ministério terreno de Cristo, ao invés do véu do tabernáculo construído por Moisés. Isto não afeta de maneira nenhuma o nosso estudo, pois ambos tinham o mesmo significado doutrinário. Vamos iniciar agora o nosso estudo a respeito do simbolismo do véu.

I. O Conceito Básico do Véu
O propósito de um Véu é cobrir ou ocultar da vista (II Coríntios 3:13-16, Isaías 25:7). O véu do tabernáculo ocultava da vista o Santo dos Santos. Ele formava uma barreira entre a glória de Deus e o homem pecador (Levítico 16:2).

II. A Carne de Cristo, Um Véu
Em Hebreus 10:19-20 aprendemos que a carne de Cristo foi simbolicamente tipificada pelo véu interno do tabernáculo. Nosso Salvador tomou sobre Si mesmo a forma humana ocultando assim a Sua glória (Filipenses 2:5-11, Romanos 8:3). Somente no Monte da Transfiguração é que Sua glória divina refulgiu (Mateus 17:1-2). Da mesma maneira, o véu do tabernáculo ocultou da vista dos homens a glória e a presença de Deus.

III. O Rompimento do Véu do Templo
É dito pelos Judeus que o véu do Templo de Herodes tinha trinta centímetros de espessura. Até mesmo várias juntas de bois não poderiam rasgá-lo. Quando Cristo morreu este pesado véu foi partido ao meio (Mateus 27:50-51, Lucas 23:44-45). Na verdade este foi um dos grandes sinais que envolveram a morte de Cristo. Vejamos as grandes verdades tipificadas por este evento:

A. O partir do véu foi um ato de Deus. Ele foi rompido de !cima para baixo? (Mateus 27:50-51) para mostrar que isto era um ato de Deus lá em cima e não do homem aqui de baixo. Isto era para revelar que a morte e sofrimento de Cristo foram infligidos por Deus (Isaías 53:10, Zacarias 13:7, João 10:18). Os homens eram apenas instrumentos nas mãos de Deus (Atos 2:23) e aparte do propósito de Deus não havia nenhum poder sobre Cristo (João 19:8-12). Foi o Pai quem fez de Cristo uma oferta para os nossos pecados (II Coríntios 5:21, João 3:16). Cristo não foi meramente uma inocente vítima de um assassinato, mas um sacrifício divino.

B. O véu foi partido ao meio (Lucas 23:44-45) criando assim um acesso direto ao Propiciatório e a Glória Shekinah. Não foi um pequeno rasgo do lado que ocorreu, mas uma exposição ampla do Santo dos Santos. Assim também a crucificação de Cristo criou um caminho de acesso ao Pai (Hebreus 10:19-22, João 14:6). Na Sua carne rasgada Cristo abriu para nós o caminho do Céu. Através de Cristo nós chegamos com confiança ao ?Propiciatório? ou como é chamado em Hebreus o !trono da graça? (Hebreus 4:16).

C. O véu rasgou-se quando Cristo bradou !Está consumado? (Compare Mateus 27:50-51 com João 19:30). Nosso Salvador sofreu de muitas maneiras, mas somente em Sua morte é que o véu se rasgou. Para que pudéssemos ter acesso ao Pai o salário do pecado devia ser pago (Romanos 6:23). Não foi o suor e nem as lágrimas, mas sim o sangue que foi a chave para o Céu (Efésios 2:13).

Pregadores liberais muitas vezes exaltam a beleza da vida de Cristo e as virtudes do Seu ensino, mas negam a natureza salvadora da morte do nosso Senhor. A tolice disto é visto quando recordamos que não a beleza do véu, mas sim a ruptura que abriu o caminho para o Propiciatório. Nosso Salvador rendeu perfeita obediência ao Pai em Sua vida, mas aparte de Sua morte, isto não daria a salvação.

IV. O Grande Dia da Expiação

Uma vez por ano, no grande dia da expiação, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, passando pelo véu e levando o sangue do sacrifício. Nisto nós temos um maravilhoso quadro que tipifica o significado do véu. O relato Bíblico disto está em Levítico 16:1-9 e 34.

D. Somente uma vez por ano o Sumo sacerdote passava através do véu e entrava na presença de Deus. Isto tipificava que Cristo precisava morrer somente uma vez para nos abrir um caminho ao Pai (Hebreus 9:28, 10:10 e 14).

E. O único homem que passava através do véu e entrava no Santo dos Santos era o sumo sacerdote (Hebreus 9:6-7). Cristo é o nosso grande Sumo Sacerdote (Hebreus 9:11, 10:21-22) e através da Sua morte e ressurreição Ele foi capacitado a entrar na presença de Deus por nós (Hebreus 9:24, 7:25-27, 8:1-2). Ele vive hoje para interceder por Seu povo (Romanos 5:10).

F. Quando o Sumo Sacerdote entrava no Santos dos Santos ele estava carregando o sangue de um animal já sacrificado no altar de Bronze. Este sangue era aspergido no Propiciatório para fazer expiação (Levítico 16:14-16). Cristo não somente foi o nosso Sumo Sacerdote como também o nosso sacrifício oferecido no altar de Bronze do Calvário. Com o Seu próprio sangue Ele entra no Céu para interceder por nós (Hebreus 9:11-14).

G. Finalmente, note o que está implícito na existência destes símbolos. Durante o tempo em que o véu do Templo permaneceu como um símbolo, isto era uma prova de que Cristo não tinha ainda nos feito o acesso á presença de Deus (Hebreus 9:7-9). Enquanto o sumo sacerdote terreno entrava pelo véu isto era uma prova que a verdadeira expiação ainda não tinha sido feita (Hebreus 10:1-4). Alegramos-nos pelos símbolos, mas somos agradecidos por eles já terem passado. Cristo o grande antítipo cumpriu todos os tipos do Velho Testamento.




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